terça-feira, 28 de junho de 2016

Quem você seria se não tivesse a obrigação de "ser alguém"?

São Paulo, 28 de junho de 2016, inverno no Brasil, dia de céu azul e tempo frio...começo de tarde, 14:50...

Pela manhã um pensamento não me deixava e me incomodou até eu dar atenção pra ele...quem eu seria se eu não tivesse a obrigação de "ser".

Isso me fez voltar no tempo e me forçar a resgatar lembranças de quem eu era quando tinha idade parecida ou aproximada da minha filha, que hoje tem 5 anos.

E eu gostava, mesmo antes de cantar, é de desenhar e eu desenhava o dia todo, cadernos desenhados dos dois lados, com lápis de cor, lápis cinza, guache, giz de cera...

Desde essa idade também, eu me lembro de dizer pra minha mãe que eu seria estilista quando crescesse, que eu criaria vestidos e roupas á base de nankin, glitter, lápis aquarelável e tudo o que viesse a minha imaginação.

Eu seria ilustradora|desenhista|estilista se eu não tivesse que encaixotar quem eu sou dentro de um capitalismo que nos força a sermos "alguém". E o medo de não ser ninguém e nunca ter uma "profissão valorizada pelo grande irmão", que sempre está a nos vigiar pra ver se tomamos um rumo (dá uma olhadinha em 1984 do Orwell que você vai entender) canalizou esse meu ser desenhista em uma Publicitária e depois, especialista em análise de Comunicação.

Não é ruim, sou feliz com a minha formação, e no meio de tudo que eu quis ser, estar, viver, graças a Deus não fui por um rumo tão distante do que eu sonhava lá quando eu era pequena. Mas penso também em outra coisa...talvez por eu ter esquecido o fio da meada, de todo aquele início e vontade de ser, mesmo sendo agora alguém, eu ainda não tenha me firmado na minha profissão escolhida, talvez eu tenha chegado na bifurcação certa da estrada, mas talvez tenha ido pro lado errado (redação e não ilustração).

Ou talvez me falte juntar o ser que eu sou com o ser que eu quis ser e unir minha paixão infantil (provavelmente o mais genuino sentimento) ao ser que eu sou (o amor estabelecido pela cuiriosidade da escrita, da criatividade na redação, na gramática).

Talvez não tenham dois caminhos, pode ser inclusive que o ser que eu sou e quem eu deveria ser para ser alguém sejam uma coisa só, sou uma redatora que ama desenhar (ainda e sempre) ou uma desenhista (que se especializou em escrever, depois de tanto ler e se apaixonar pelo desenho mental dos personagens do livro.)

É uma coisa só pra mim, não tem erro no caminho e eu apenas sou quem eu queria ser e sou alguém que naquela pouca idade me imaginei e era.

Beijo, Ci





Nenhum comentário:

Postar um comentário